domingo, 20 de setembro de 2015

«SAN JUSTO»

Navio de guerra espanhol dos séculos XVIII e XIX. Foi construído no arsenal de Cartagena, que o lançou ao mar em 1779. Nesse tempo, este veleiro de 1 672 toneladas estava armado com 74 canhões e dispunha de uma guarnição de 700 homens, marinheiros e soldados. O «San Justo» (colocado sob a protecção de São Luís Obispo) foi desenhado pelo famoso arquitecto naval François Gautier e considerado, no seu tempo, um navio de grandes qualidades náuticas. Media 50,93 metros de comprimento por 14,10 metros de boca e o seu calado era de 6,60 metros. O seu baptismo do fogo não foi dos mais felizes. Ocorreu durante a tarde e a noite de 16 de Janeiro de 1780, nas águas do estreito de Gibraltar, onde uma esquadra espanhola de 13 velas afrontou uma força naval inglesa -comandada pelo almirante Rodney- superior em número. Nesse combate -que a História registou com o nome de batalha de Santa Maria ou batalha da Luz da Lua- os espanhóis perderam 5 navios, logrando, no entanto, o «San Justo»  escapar ileso. A 20 de Outubro de 1782, este navio -então sob o mando do capitão Morales y Souza- viu-se envolvido (sem grande relevância) na batalha do cabo Espartel, travada ao largo de Tânger. E que foi uma das maiores batalhas navais da época, na qual estiveram envolvidos mais navios do que na futura e decisiva batalha e Trafalgar. Depois, o «San Justo» esteve em praticamente todos os combates da armada espanhola : desembarque de Toulon, em 1793, aquando do conflito contra a Revolução Francesa, batalha do cabo de São Vicente, em 1797, batalha do cabo Finisterra, em 1805, e, finalmente, a 21 de Outubro desse mesmo ano, na renhida batalha de Trafalgar; que viu a vitória (e a morte) de Horácio Nelson. Nessa luta -na qual se decidiu o futuro da Europa- o «San Justo» teve um papel relativamente importante, sustentando combates com vários navios da frota vencedora. Depois de se ter refugiado em Cádiz, onde chegou com 5 mortos e 12 feridos, o «San Justo» foi um dos navios que, no dia seguinte, se fez ao mar, para tentar resgatar algumas unidades da armada espanhola capturadas pelo inimigo. Mas, açoitado por medonha tempestade (que afundou alguns dos seus congéres), o veleiro regressou ao porto andaluz desarvorado e, por consequência, inoperacional. Depois do desaire de Trafalgar, o «San Justo» ainda participou em várias operações de importância, nomeadamente numa expedição que, em 1809, trouxe de Cuba e do México 9 milhões de pesos para os depauperados cofres reais. Em 1810, ainda esteve activo na defesa de Cádiz, assediada por tropas francesas. Em 1816, assinala-se a sua presença em Puerto Mahón (Minorca, Baleares) e quatro anos mais tarde estava, de novo, em Cádiz, implicado na trama do levantamento liberal; que teve a sua origem na recusa das tropas em embarcar para as Américas, aquando das revoltas independentistas das colónias O «San Justo» foi desmantelado em 1828, após quase meio século de serviço. Curiosidade : a imagem que ilustra este texto é a de uma maqueta do navio em apreço existente no Museu Naval de Madrid; que julgamos ser o único testemunho material da sua passagem pela rica História marítima de Espanha.

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