sábado, 19 de setembro de 2015

«ELETTRA»

Este pequeno navio foi construído -em 1904- nos estaleiros Ramage & Ferguson, Ltd., de Leith, na Escócia, para um membro da família imperial austríaca : o arquiduque Carl Stephan. Que, com o nome de «Rovenska», o utilizou no Mediterrâneo como iate, como embarcação de recreio. Em 1910, o navio foi vendido a 'sir' Maxim Waechter, súbdito de Sua Majestade britânica, que, por sua vez, o cedeu, em 1914, ao industrial Gustav Pratt; usando o navio, durante esse tempo, pavilhão civil do Reino Unido. Com o rebentar da Grande Guerra, o antigo iate foi requisitado pela marinha real britânica e convertido em patrulheiro armado; que operou no canal da Mancha entre as costas de Inglaterra e os portos franceses de Saint Malo e de Brest. No final do conflito, ao qual sobreviveu, a embarcação foi despojada do seu material militar e leiloada, em Southampton, onde Guglielmo Marconi, o famoso sábio italiano, o resgatou (em 1919) por 21 000 libras. Registado em Itália com o novo nome de «Elletra», o antigo iate e patrulheiro sofreu trabalhos de restauro e de transformação nos estaleiros de La Spezia, que o converteram em navio-laboratório. No qual Marconi levou a cabo muitas das suas extraordinárias experiências no campo das telecomunicações. Com a morte do cientista, em 1937, o «Elletra» foi parar às mãos do estado fascista. Mas, durante a 2ª Guerra Mundial e depois do golpe de 8 de Setembro de 1943, o navio (que se encontrava no porto de Trieste) foi tomado pelas tropas nazis, armado com 5 metralhadoras e colocado à disposição da 'Kriegsmarine'. Surpreendido (a 22 de Janeiro de 1944) por aviões de guerra dos Aliados a patrulhar nas costas da Dalmácia, o navio (que, entretanto, usou os indicativos «G-107» e «NA-6») foi colocado fora de combate, tendo o seu comandante alemão conseguido encalhá-lo. Com o fim do conflito, o navio passou a ser propriedade do estado jugoslavo, tendo o próprio marechal Tito aceitado devolvê-lo à Itália. O que aconteceu no ano de 1959. A ideia de o restaurar ainda foi equacionada, mas os peritos chegaram à conclusão de que tais trabalhos de recuperação iam custar um preço incomportável e o projecto foi abandonado. O famoso navio acabou, pois, por ser desmantelado (já nos anos 70 do século XX) e alguns dos seus restos conservados e expostos em museus. A proa do «Elletra», por exemplo, é uma das curiosidades mostradas no Parque das Ciências da cidade de Trieste. Principais características do «Elletra» : 633 toneladas de arqueação bruta; 63,40 metros de comprimento por 6,31 metros de boca; 1 máquina a vapor de tripla expansão, de 127 cv; velocidade de cruzeiro de 12 nós. Curiosidade : um novo navio da armada italiana foi baptizado «Elletra» (A 5340), em homenagem a tão ilustre antepassado.

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