domingo, 28 de setembro de 2014

«ST. LAWRENCE»

Este, foi o primeiro navio de linha britânico concebido para operar exclusivamente em água doce. Lançado em 1814 pelos estaleiros de Frederick Point, de Kingston (primeira capital do Canadá), o «St. Lawrence era um navio de 2 305 toneladas de deslocamento (em plena carga), medindo 59 metros de longitude por 16 metros de boca. Não tinha castelo de popa. A sua guarnição era composta por 700 oficiais, marinheiros e soldados (837, segundo outras fontes) e estava armado com 112 canhões, alinhados em três níveis distintos. Ou seja, este veleiro de 3 mastros era de comprimento superior ao «Victory», de Horácio Nelson, e dispunha de um poder de fogo superior ao desse emblemático navio da 'Royal Navy' e da decisiva batalha de Trafalgar. Destinado a operar no lago Ontário, o «St. Lawrence» serviu durante a chamada guerra de 1812 -contra os Estados Unidos- mas não chegou a participar em nenhum dos combates travados, de tal modo era intimidante a sua presença. O seu papel resumiu-se, pois, ao de uma formidável arma de dissuasão e ao cumprimento de missões de patrulha na rota de abastecimentos do Alto Canadá. Parece que as ordens para o construir se referiam a um navio de menores dimensões, mas que o responsável pela sua construção -o comodoro sir James Lucas Yeo- ultrapassou as determinações da hierarquia para chegar ao resultado final. Dizem os peritos que o «St. Lawrence» era um navio pouco estável, devido ao facto de dispor de um calado bastante inferior (por óbvias razões) ao dos navios de mar com as suas dimensões. Depois do conflito com os norte-americanos, este navio -tornado inútil e de manutenção incomportável- foi desarmado (em 1815); e, em 1832, o seu casco foi vendido a um civil de nome Robert Drummond pela ridícula soma de 25 libras. Mais tarde, a sua carcaça foi usada como armazém de uma conhecida fábrica canadiana de cervejas. Finalmente, este antigo e impressionante navio de guerra -o maior que os Grandes Lagos conheceram- afundou-se em águas pouco profundas, a pouca distância de Kinston. Onde, hoje, os seus restos servem de estudos aos arqueólogos subaquáticos e de lugar de diversão aos mergulhadores desportivos autorizados. O Museu do Real Colégio Militar do Canadá, sedeado em Kingston, possui, nas suas colecções, um modelo deste singular e impressionante navio lacustre.

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