sábado, 21 de junho de 2014

«NOVO AMAPÁ»

Barco fluvial  de bandeira brasileira, que operou -como transporte de passageiros e de carga diversa- nalguns troços do norte do estuário do Amazonas. Não nos foi possível encontrar referências sobre a sua data de construção, nem sobre o estaleiro que o realizou; mas podemos presumir que não fosse uma embarcação muito antiga e que tenha sido fabricada naquela região. O «Novo Amapá» era um navio com uma tonelagem bruta de 100,445 toneladas, que media 25 metros de comprimento por 5,88 metros de boa. Era, pois, uma embarcação de pequeno porte, concebida para poder transportar umas 300 pessoas e 1/2 tonelada de mercadorias. No máximo ! Acontece que, como quase todas as 'gaiolas' amazónicas, o «Novo Amapá» navegava quase sempre com uma sobrecarga de pessoas e com o dobro do frete mercantil autorizado. Foi o que aconteceu na fatídica noite do seu naufrágio (o mais dramático de toda a História da navegação fluvial do Brasil), quando se encontravam a bordo mais de 600 passageiros e o excesso de carga saltava aos olhos de qualquer observador. O «Novo Amapá» fazia a carreira entre Santana (Amapá) e Monte Dourado (Pará), com uma escala intermediária no porto de Laranjal do Jari (Amapá). Propriedade do armador Alexandre Goes da Silva (uma das vítimas do afundamento) o barco era comandante Manoel Alvanir da Conceição Pinto, que sobreviveu à catástrofe e parece não ter cometido quaisquer erros de pilotagem. Sabe-se que o barco virou bruscamente -estava-se na foz do Cajari, às 20 h 45, do dia 6 de Janeiro de 1981- e que, num instante, se gerou uma inaudita situação de pânico. Houve gente que afirmou que a reviravolta dada pela embarcação se ficou a dever ao desequilíbrio das mercadorias, que estavam mal arrimadas. Mas isso nunca chegou a provar-se. Feito o balanço da tragédia, recensearam-se 300 mortos e desaparecidos; mas o número exacto de vítimas nunca chegou a ser conhecido das autoridades. Perante a dimensão de um desastre que chocou o Brasil inteiro, procedeu-se ao enterro sumário dos corpos (em valas comuns) e deu-se início a um processo jurídico longo e doloroso, que nunca apurou responsáveis, nem decretou o pagamento de indemnizações aos familiares das vítimas. O drama do «Novo Amapá» inscreve-se na História do Nordeste brasileiro como um dos mais traumáticos jamais por ali ocorridos. Curiosidade : tornou-se impossível encontrar uma foto (de 'corpo inteiro') da malograda embarcação. A fotografia anexada é a da capa de um livro -da autoria de Alberto Catiberibe- editado no Brasil e versando sobre a tragédia do «Novo Amapá».

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