quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

«ORPHEUS»

Corveta da armada real britânica pertencente à classe 'Jason'. Este navio foi lançado à água em 1860 pelos estaleiros navais de Chatham, no Reino Unido. Era um navio de propulsão mista (vapor/vela), que deslocava 2 365 toneladas em plena carga e que media 69 metros de longitude por 12 metros de boca. O seu calado atingia a cota máxima de 6 metros. A «Orpheus» içava velame redondo e latino nos seus 3 mastros e estava equipada com 1 máquina -desenvolvendo uma potência nominal de 400 cv- e com 1 hélice. A sua velocidade ultrapassava os 11 nós. Do seu armamento constavam 20 peças de artilharia de 8 polegadas, mais 1 outra (montada sobre 'pivot') de 7 polegadas. A guarnição deste navio de Sua Majestade era constituída por 258 homens, incluindo oficiais. Enviada para os mares da Oceania em 1862, a «Orpheus» chegou à Nova Zelândia no mês de Janeiro do ano seguinte, para ali participar nas guerras contra as sublevadas populações indígenas (os Maoris) desse longínquo território. Mas, na sua viagem entre Sidney e o seu destino final (Aukland) e já muito perto do termo, este navio seguiu uma rota extremamente difícil, que o conduziu, inexoravelmente, a um desastroso e irreversível encalhe. Com a corveta imobilizada, a força das ondas rebentou portas e escotilhas e provocou a inundação do navio. Navio que transportava um reforço de tropas e de material para a campanha militar em curso. Apesar dos socorros que afluiram ao lugar do sinistro (e que salvaram parte da tripulação e dos passageiros da corveta), houve a lamentar a morte de 189 pessoas. O drama da «Orpheus» causou grande pesar em todo o Império Britânico, até pelo facto dos desaparecidos serem muito jovens. Pois, ao que consta, havia a bordo do malogrado navio (onde a média de idade era de 25 anos) grumetes e 'outros aprendizes de marinheiro' com idades compreendidas entre os 12 e 18 anos. A tragédia da corveta «Orpheus» (afundada em Manukau Harbour, na costa da Nova Zelândia, no dia 7 de Janeiro de 1863) foi uma das mais terríficas da História desse país dos antípodas e, passados tantos anos, ainda hoje é recordada pela população local. Inclusivamente pelos Maoris, que vêem nela um castigo divino. Com efeito, e refira-se isto a título puramente anedótico, na véspera do desastre um colono branco da região de Aukland havia derrubado à machadada -perante grande indignação dos autóctones- um 'puriri', árvore sagrada dos Maoris. O que, segundo a sua crença, terá provocado a cólera dos deuses e o consequente e castigador naufrágio do HMS «Orpheus».

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