sexta-feira, 31 de maio de 2013

«FLYING ENTERPRISE»

Este navio (do tipo C1-B) foi um dos muitos 'Liberty Ships' construídos nos Estados Unidos, durante a 2ª Guerra Mundial. Lançado à água a 7 de Janeiro de 1944, pelos estaleiros Consolidated Steel Corporation, de Wilmimgton (Califórnia), este cargueiro foi baptizado com o nome de «Cape Kumukaki», que manteve até 1947, ano em que foi vendido pela 'War Shipping Administration' ao armador Isbrandtsen. O seu novo proprietário registou-o no porto de Nova Iorque e deu-lhe o nome de «Flying Enterprise», que este navio usou até à data do seu naufrágio. O «Flying Enterprise» apresentava uma arqueação bruta de 6 711 toneladas e media 120,83 metros de comprimento por 18,31 metros de boca. A sua propulsão era assegurada por 2 turbinas a vapor (desenvolvendo uma potência global de 4 000 cv)  e por 1 hélice, que lhe permitiam navegar a 14 nós de velocidade máxima. A sua tripulação era composta por 48 membros. O navio dispunha de camarotes com capacidade para receber 10 passageiros. Afectado ao transporte de carga geral, o «Flying Enterprise» teve uma carreira civil sem percalços, até 21 de Dezembro de 1951, data em que zarpou do porto de Hamburgo para a sua derradeira e movimentada viagem. O seu destino era os Estados Unidos, para onde levava (oficialmente) um carregamento constituído por 1 290 toneladas e ferro-gusa, 494 toneladas de café, 454 toneladas de trapo (desperdícios), 454 toneladas de derivados de nafta, 40 toneladas de turfa, 12 automóveis Volkswagen, e um número não determinado de instrumentos musicais e de máquinas de escrever. Além dessa carga, o navio transportava 10 passageiros. Na noite de Natal, o cargueiro foi assaltado por uma tempestade medonha no canal da Mancha, que lhe causou danos na estrutura  e desequilibrou as mercadorias transportadas. O navio encontrou-se rapidamente numa situação incómoda ao inclinar-se de 45º para bombordo. Perante a iminência de um naufrágio, um SOS foi lançado, ao qual respondeu o navio mercante «Southland» e o USS «General A. W. Greely»; que conseguiram resgatar tripulantes e passageiros, à excepção de um destes, que morreu afogado aquando dessa operação de salvamento  e o capitão Henrik K. Carlsen (um oficial dinamarquês), que, obstinadamente, recusou abandonar o seu navio. A imprensa do tempo -que seguiu o desenrolar dos acontecimentos e saudou a abnegação deste 'capitão corajoso'- mostrou-o dependurado do «Flying Enterprise» até ao fim desta insólita aventura. Apesar da bravura do seu capitão e de todos os esforços feitos para salvar o navio, este acabou mesmo por ir ao fundo no dia 10 de Janeiro de 1952. Especulou-se muito sobre a natureza da carga deste navio (parcialmente recuperada, em 1960, pela firma especializada Sorima, de Itália) e falou-se e escreveu-se que da dita constavam ouro e zircónio (um metal raro). Sendo esta última substância destinada ao «Nautilus», primeiro submarino nuclear da 'US Navy'. Mas, devido a uma cláusula de confidencialidade imposta à Sorima, não foi possível confirmar a veracidade desses rumores. A odisseia do «Flying Enterprise» (que jaz no fundo do mar da Mancha, a 80 metros de profundidade) foi largamente relatada pela imprensa do tempo, contada em livros (um dos quais da autoria de Carlsen, o seu último capitão) e por um documentário da TV dinamarquesa, realizado em 2002, e intitulado, em inglês, «The Mystery of Flying Enterprise».

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