sábado, 25 de agosto de 2012

«ZACA»



Belíssima escuna de recreio construída, em 1930, nos conceituados estaleiros dos Irmãos Nunes -Manuel e António- de Sausalito (Califórnia). Com projecto do arquitecto naval Garland Rotch, o veleiro «Zaca» desloca 122 toneladas e mede 36 metros de comprimento por 7,24 de boca. Graças ao fino perfil do seu casco e ao seu importante velame, copiados, ao que parece, do celebérrimo «Bluenose», este iate de luxo pode atingir a velocidade de 9 nós. O seu primeiro proprietário foi o milionário Templeton Crocker, que parece não ter sofrido dos efeitos da chamada Grande Depressão. A sua viagem inaugural levou o «Zaca» às ilhas Salomão, onde -na companhia do Dr. Lambert, uma celebridade do tempo- o seu proprietário viveu tempos de aventuras e de estudos (geo-etnográficos) sobre a região e sobre a população local. Com a entrada em guerra dos Estados Unidos em 1941, o «Zaca» foi requisitado (como muitos outros navios do seu tipo) pelas autoridades navais norte-americanas e passou a patrulhar as águas costeiras do Pacífico oriental, com a missão específica de localizar e de resgatar aviadores caídos ao mar. Funcionou também, durante esse atribulado período da História, como estação de rádio flutuante. Em 1945, depois da vitória sobre o Japão, esta elegante escuna voltou à sua actividade civil e foi comprada, sucessivamente, por um especulador financeiro e por Errol Flynn. Nas mãos desta última personagem (misto de actor e de aventureiro) o «Zaca» participou em várias e longínquas expedições e serviu de palco à acção de várias películas : um documentário rodado na região de Acapulco e, sobretudo, nas filmagens de «A Dama de Xangai», que Orson Welles realizou e que teve como protagonista principal a bela Rita Hayworth. Por início da década de 50 (do século XX, obviamente) o «Zaca» navegava preferencialmente nas águas do Mediterrâneo ocidental e estava filiado no Clube Náutico de Palma de Maiorca; ilha onde Errol Flynn e a sua terceira esposa (a actriz Patrice Wymore) haviam elegido domicílio. Depois da morte, em 1959, do famoso intérprete de Robim dos Bosques, o veleiro foi confiado pelo advogado de Patrice Wymore a um amigo da família, que prometera vendê-lo no sul de França. O que aconteceu, porém, foi que esse indivíduo (um conhecido ‘playboy’ inglês) despojou o «Zaca» de todos os objectos de valor que o equipavam e o deixou ao abandono num estaleiro de Villefranche-sur-Mer. Finalmente, o «Zaca» (que, depois desse triste episódio, foi vendido várias vezes) acabou por ser restaurado e por ser utilizado em várias regatas organizadas por todo o Mediterrâneo; acabando por fazer a demonstração de que era ainda, apesar da sua venerável idade, um dos melhores veleiros do mundo. O seu proprietário actual é o cidadão italiano Roberto Memmo, que lhe fixou o porto de abrigo em Monte Carlo, onde a «Maravilha de Sausalito» provoca a admiração de todos. Curiosidade : após a morte de Errol Flynn, o seu mais mediático proprietário, começou a correr o boato de que o «Zaca» estava assombrado e que o espectro do actor pairava sobre o veleiro. Nessas condições, a escuna acabou por receber a visita de dois exorcistas, que a ‘aliviaram’ dos fantasmas do passado.

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