quinta-feira, 12 de julho de 2012

«GAMO»



Bacalhoeiro português. Foi construído -no ano de 1874- nos estaleiros Mitchell, de Tayport Escócia). O seu primeiro nome foi «Reindeer», designativo que o navio conservou até 1885, ano em que foi comprado pela casa armadora Bensaúde & Cº., então sedeada na cidade da Horta; sociedade que o registou em Portugal e que lhe atribuiu o seu segundo e derradeiro nome : «Gamo». Nunca recebeu motor auxiliar. A sua equipagem era, geralmente, constituída por 42 homens, número que incluía tripulantes permanentes e pescadores. Era um veleiro (lugre de 3 mastros) com casco em madeira, que apresentava as seguintes características : 343 toneladas de arqueação bruta, 38,90 metros de comprimento, 7,77 metros de boca e 4,04 metros de pontal. Fez inúmeras campanhas de pesca nos Grandes Bancos do Canadá, sem incidentes dignos de relato. Até que, no dia 31 de Agosto de 1918, quando velejava da Terra Nova para Lisboa com um carregamento de bacalhau salgado (cerca de 6 000 quintais) foi interceptado pelo submarino alemão «U-155» e intimado (com um tiro de peça) a arriar as velas. Segundo o relato do capitão do «Gamo» -senhor João Fernandes Mano Agualusa- o pesqueiro português foi saqueado pelos submarinistas tudescos e armadilhado com cargas explosivas, que foram detonadas pouco depois da tripulação do bacalhoeiro português ter, precipitadamente, embarcado nos dóris. Isso, com uma quantidade mínima de latas de conserva e com uma reserva de água doce (100 litros) também ela insuficiente. A evacuação do «Gamo» foi feita sob a chacota do comandante do navio de guerra inimigo (capitão Ferdinand Studt) e da sua equipagem; que, por várias vezes, passaram por entre os botes do afundado bacalhoeiro português numa atitude provocatória e indigna de marinheiros. Apesar disso e das inclemências do tempo, que nem sempre correu de feição, os náufragos do «Gamo» lograram arribar (sedendos, esfomeados e fisicamente esgotados) à ilha do Faial, onde a população e as autoridades açorianas os acolheram de braços abertos. Durante essa epopeica viagem foram percorridos (à vela e a remos) 470 milhas náuticas, perdendo-se 5 dos botes do bacalhoeiro e, infelizmente, 5 vidas humanas. Nota : a imagem anexada não representa o lugre «Gamo».

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