terça-feira, 6 de dezembro de 2011

«WESTWARD HO !»


Este 'clipper' de bandeira norte-americana foi construído pelos estaleiros de Donald McKay, de East Boston (Massachusetts); que o lançaram ao mar no dia 24 de Setembro de 1852. Navio com casco de madeira (carvalho branco e pinho), o «Westward Ho !» deslocava 1 650 toneladas e media 67 metros de comprimento por 12,20 metros de boca. Este elegante 'clipper', reconhecível pelo guerreiro pele-vermelha que lhe adornava a proa, arvorava, nos seus três altaneiros mastros, um velame configurado em galera. O seu primeiro armador -a casa Sampson & Tappan, sedeada em Boston- quis oferecer aos seus mais ilustres e endinheirados passageiros um luxo ofuscante, pondo à sua disposição camarotes realizados com madeiras preciosas (jacarandá e mogno) e decorados com esculturas, ornamentos dourados e vitrais venezianos. Essas acomodações e respectivos recheios contrastavam, naturalmente, com a sobriedade dos porões reservados ao transporte de emigrantes e de outros passageiros de condição social inferior. Colocado na carreira da Califórnia, com partida de Boston e passagem obrigatória pelo cabo Horn, o «Westward Ho !» chegou a fazer essa longa e algo perigosa viagem, até San Francisco, em apenas 100 dias de navegação. O que, nesse tempo, era uma verdadeira proeza. No seu historial consta uma famosa corrida -efectuada nesse trajecto- contra o seu veloz congénere «Neptune's Car». Este género de competição (sujeito a apostas, entre passageiros e tripulações) era frequente entre os grandes veleiros da segunda metade do século XIX. O soberbo «Westward Ho !» foi vendido em 1857 ao armador peruano Juan de Ugarte, que o utilizou no comércio de guano (muito abundante no seu país) e no transporte dos trabalhadores chineses, que, às centenas, trabalharam nos locais de produção desse fertilizante natural. Mão-de-obra barata que era necessário ir buscar ao Oriente. O navio perdeu-se no dia 24 de Fevereiro de 1864, na sequência de um incêndio inestinguível, que se declarou a bordo, quando o «Westward Ho !» (que nunca trocou de nome) se encontrava fundeado no porto de Callao.

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