sexta-feira, 3 de setembro de 2010

«GREAT EASTERN»


Última criação do arrojado engenheiro Isambard K. Brunel, o paquete «Great Eastern» foi (exceptuando o «Lusitania») o maior navio construído em todo o século XIX. Realizado, em Millwall (Londres), pelos estaleiros de John Scott, Russell, and Co., este paquete de propulsão mista (vapor/vela) tinha casco de aço e arvorava seis mastros. Dispunha de 2 rodas laterais (do tipo palheta) e as suas máquinas desenvolviam uma potência de 8 300 cavalos, força que propulsava o «Great Eastern» a uma velocidade máxima de 13,5 nós. Deslocava 32 000 toneladas em plena carga e media 211 metros de comprimento por 25,30 metros de boca. A história da sua construção e uso comercial está semeada de incidentes e dramas (envolvendo a perda de uma dezena de vidas, entre as quais a do seu conceptor) que lhe valeram a reputação de navio maldito. Concebido para as carreiras de longo curso (com destino à Índia, à Austrália e à América do norte), o «Great Eastern» limitou-se a fazer uma dúzia de viagens transatlânticas em quatro anos, que todas elas deram prejuízo ao seu armador : a Great Eastern Steamship Navigation Co.. É que o navio fora concebido para transportar 4 000 passageiros, mas nunca chegou a atrair um número de passageiros tão elevado. Devido, em parte à sua má reputação, mas também ao facto da guerra civil americana ter estalado no período de utilização deste gigante dos mares. Depois de se ter constatado que a sua exploração normal nunca seria um sucesso comercial , o «Great Eastern» (que custara 1 milhão de libras) passou de mão em mão, servindo a diversos fins, chegando mesmo a funcionar como uma espécie de feira flutuante, com circo, barracas de tiro e outras atracções populares. Até que, em finais dos anos 60, do século XIX, o navio acabou por ser adquirido (por uma soma irrisória) pela companhia Atlantic Telegraph, que o utilizou para estender os primeiros cabos telegráficos submarinos entre a Europa e a América do norte, mas também um cabo similar entre Aden e Bombaim. Depois de vários anos de abandono em Milford Haven, a carcaça do «Great Eastern» foi conduzida a um estaleiro de Rock Ferry, onde a companhia Henry Bath & Sons se encarregou de o desmantelar, entre 1889 e 1890. O grande escritor Júlio Verne, que fez uma viagem à América a bordo deste navio, inspirou-se no «Great Eastern» para escrever o seu romance «Uma Cidade Flutuante». Outra curiosidade ligada ao navio : um dos seus mastros foi comprado no ferro-velho pelo Liverpool Football Club e implantado no estádio de Anfield, onde serve para hastear a bandeira dessa conhecida agremiação desportiva inglesa. É o único vestígio material do navio.

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