sábado, 30 de janeiro de 2010

«AMÉLIA» (I)


Falando-se nos navios adquiridos e utilizados por D. Carlos de Bragança, é habitual referir quatro iates, que (por comodidade) se designam «Amélia» 1, 2, 3 e 4. Quando, em boa verdade, houve uma outra embarcação com esse nome que, jamais, é incluída nessa lista. Talvez pelo facto desse primeiro «Amélia» ser propriedade privada do príncipe real (contrariamente aos outros, que foram integrados na Armada) e apresentar características muito diferentes das dos navios, usados, simultaneamente, como objectos de recreio e como unidades de apoio aos estudos da oceanografia, tão apaixonadamente desenvolvidos por D. Carlos. Este primeiro «Amélia» era um elegante veleiro desportivo (armado em yawl) que terá sido comprado para satisfazer a sede de competição do príncipe herdeiro, que era, nesse tempo, vice-comodoro da Real Associação Naval e alinhava frequentemente nas grandes provas de vela que se disputavam no nosso país e não só. Isso com o referido primeiro «Amélia» (um navio com o casco em madeira, deslocando 66 toneladas) e com outros veleiros seus ou propriedade da casa real. Parece que este iate foi construído na Inglaterra. Pouco se conhece das suas características, além daquelas já mencionadas e das que alguns desenhos e gravuras deixam adivinhar. Como se sabe, o príncipe e depois rei D. Carlos I foi muito criticado no seu tempo, por empregar verbas consideráveis na aquisição de barcos e de mudar de iates como quem muda de camisa. Dizia-se, então, que, nessa matéria, ele não olhava a gastos e que isso ocasionava problemas nas finanças de um país de recursos limitados que, «se não podia ter um rico rei, muito menos podia sustentar um rei rico». Hoje, um século decorrido sobre a trágica morte do soberano, começa a reconhecer-se a utilidade dessas despesas, afinal justificadas pelos frutos recolhidos no campo da oceanografia, ciência na qual o rei D. Carlos foi um dos grandes peritos internacionais do seu tempo.

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